Jogo de azar

Mega-Sena em busca de mais credibilidade

A proprietária de lotérica Maria da Graça relata que uma das iniciativas adotadas por ela para aumentar as vendas foi trazer informação para os apostadores

Paulo Rossi -

Informação e transparência para aumentar as vendas. São esses os investimentos da Caixa Econômica Federal e da Federação Brasileira das Empresas Lotéricas (Febralot) para recuperar a credibilidade da Mega-Sena, atingida em novembro de 2015 por uma suspeita de fraude. Desde então as apostas vêm diminuindo.

O sonho de se tornar um milionário leva muitos brasileiros ao cenário dos jogos. A Mega-Sena é considerada produto chefe das agências lotéricas. Proprietária de um desses estabelecimentos há nove anos, Maria da Graça Torchelsem conta que o 13º salário dos funcionários provém da Mega da Virada. Além disso, as atendentes se empenham na comercialização pela comissão que o produto gera. Mas, nas últimas semanas, as vendas caíram e hoje estão em 70% do normal.

Por: Karina Kruschardt

Para o diretor do Sindicato dos Agentes Lotéricos, Correspondentes Bancários, Comissários e Consignatários do RS (Sincoergs), Magnus Augusto Garlich, o motivo não é apenas o sorteio 1.764, realizado em novembro, e sim o orçamento apertado dos brasileiros. Em dezembro a baixa esteve relacionada à alta comercialização do mês anterior - as lotéricas faturaram 40% a mais, gerado pelo acumulo da Mega de R$ 205 milhões. Quem investiu na Mega da Virada acabou apostando antes e no fim do ano não teve dinheiro jogar. Garlich expõe ainda que neste mês o motivo de menos jogos é o período de férias. Nesta época do ano é considerado normal a procura cair.

Em reunião dia 21 deste mês, em Brasília, representantes da Caixa e da Febralot, simultaneamente com os sindicatos estaduais, aprovaram o projeto que prevê mais informações dos premiados. Ainda sem data para início, no site da Caixa será divulgado o nome do ganhador, a loja onde o bilhete foi adquirido, o tipo de prêmio (Mega-Sena, Quina, Loto Fácil, Loto Mania ou Time Mania) e o estilo de aposta (bolão ou aposta única).

A proprietária de lotérica Maria da Graça relata que uma das iniciativas adotadas por ela para aumentar as vendas foi trazer informação para os apostadores. Agora, na agência, há cartazes divulgando o processo, explicando como funciona o sorteio da Mega-Sena, sem possibilidade de fraude pois o prognóstico é submetido à apreciação da Receita Federal, do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União. Ela espera com este tipo de iniciativa que os apostadores que faziam jogos altos, de R$ 200,00 a R$ 500,00, retornem a fazê-los.

Do valor que a Caixa arrecada nas apostas 67,80% fica com o governo federal e apenas 32,20% é revertido no prêmio. Quando não há acertador, o valor acumula para o concurso seguinte, na respectiva faixa de premiação. E o valor daqueles que esquecem de conferir o bilhete e não buscam o prêmio - por menor que seja - é repassado ao Tesouro Nacional para aplicação no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), 90 dias após a data do sorteio.

Relembre o caso
Muitos dos apostadores passaram a desacreditar na Mega-Sena em novembro de 2015. O sorteio 1.764, o maior valor da história do jogo - sem contar com a extração da Mega da Virada - R$ 205 milhões, gerou dúvidas aos participantes. O resultado foi divulgado no dia 25 de novembro no site da Caixa Econômica Federal (www.loterias.caixa.gov.br).

Nos primeiros instantes após o sorteio o site divulgou o número do mesmo, dizendo que o prêmio teria acumulado. Após alguns minutos, o site foi atualizado e revelou um ganhador de Brasília. Em nota, a Caixa esclareceu que, exclusivamente na tela inicial das Loterias no site, que é um resumo, houve atraso na atualização dos dados, o que manteve a palavra “acumulou” referente ao sorteio anterior.

Mas muitos apostadores ficaram intrigados com o atraso e a situação piorou ao ser veiculado que o proprietário da lotérica onde o bilhete premiado foi vendido tem o mesmo sobrenome da presidente, Dilma Rousseff.

Quem não deixou de apostar
Mas há quem sonhe com uma conta bancária recheada e não deixou de apostar. É o caso da Lucia Martinez. Dos seus 56 anos, há 30 faz apostas semanalmente. “Gosto, sonho e preciso do dinheiro. Não posso dizer que tenho certeza de que não tem fraude porque até onde não deveria ter, como no Senado, tem. Mas não deixo de apostar”, diz. Ela já acertou duas vezes a quadra da Quina (4 números) e perdeu as contas de quantas vezes já acertou três números da Quina.

Já a aposentada Juraci Kopp, 61, não costuma jogar, porém na última segunda-feira estava se sentindo inspirada e resolveu apostar na sorte, com a esperança de ganhar um dinheiro extra. “Nunca jogo, mas acho que este tipo de aposta é honesta”, ressalta.

Os bolões são os mais procurados
Os proprietários de agências lotéricas afirmam que o maior número de apostas ocorre nos bolões (apostas em grupo). Em conjunto cada um paga valor determinado pela quantidade de números apostados. O cliente pode comprar cotas de bolões organizados pelas lotéricas. Neste caso, poderá ser cobrada uma tarifa de serviço adicional de até 35% do valor da cota. Na Mega-Sena, os bolões têm preço mínimo de R$ 10,00. Muitos apostadores preferem esta modalidade, por favorecer a aposta em mais números sem desembolsar um valor demasiadamente superior à aposta individual.

O Estado de São Paulo é o que mais faz jogos, e o segundo é o Distrito Federal. Neste são feitas as apostas mais altas, elevando as chances de sorteio. Por isso muitos ganhadores são da capital.

Em 2015 a Mega-Sena teve crescimento de 11,5%, representando 46% da movimentação de jogos nas lotéricas.

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